A cirurgia bariátrica requer um esquema dietético específico para adaptar o ‘novo’ estômago aos pequenos volumes. É essencial uma dieta rica em nutrientes e o paciente precisará de suplemento de vitaminas/minerais para o resto da vida
Existe muita discussão sobre como deve ser feita a dieta logo após a cirurgia bariátrica. Por isso, resolvi trazer aqui no blog algumas informações gerais sobre o assunto.
Ainda no hospital, após a cirurgia e durante a internação, a dieta é estritamente líquida com chás, isotônicos, caldo coado de legumes e de carne, água e água de coco. Chamada de dieta líquidos claros ou fase zero, ela tem como objetivo verificar a tolerância a líquidos e facilitar uma cicatrização adequada dos pontos no estômago.
Logo após a alta e até o fim do primeiro mês, a dieta é composta por sucos e isotônicos, caldos de legumes e de carne, leite, bebida láctea, gelatina e suplementos pobres em resíduos, a chamada fase um ou dieta de líquidos completa. O principal objetivo é manter o estômago em repouso adaptando-se aos pequenos volumes além, é claro, da hidratação.
O volume varia de 30 ml a 60 ml de hora em hora, evoluindo gradativamente de acordo com a tolerância do paciente. O volume de um copinho de plástico de café cheio é de 50 ml, por exemplo. O objetivo é a ingestão de 1.500 ml a 2.000 ml – o valor calórico total é de, em média, 500 calorias. Separar 30 a 40 desses copinhos para o paciente ter controle da ingestão é uma forma simples de atingir o objetivo. Papinhas de bebê podem ser usadas nessa fase.
Nos 15 dias subsequentes, ou seja, do 30º ao 45º dia depois da cirurgia, a dieta pode ser um pouco mais pastosa, conhecida como dieta fase 2, que é líquida com alguns alimentos pastosos. No cardápio podem constar: caldo de feijão, leite, vitaminas, sucos, iogurtes, sopas liquidificadas e purês, tendo por função manter o repouso do estômago, mas aumentar a quantidade de proteínas. O volume nesta fase varia de 50 ml a 90 ml de hora em hora, sempre evoluindo gradualmente. Estimula-se o consumo de 1500 ml a 2.000 ml por dia – o valor calórico total é mantido em torno de 1.000 a 1.200 calorias por dia, mas a maior parte dos pacientes não atinge esse total.
Após o 45º dia da operação, adota-se por 15 dias a dieta branda sem açúcares concentrados. Depois do segundo mês da cirurgia, a dieta é geral, ou seja, há poucas restrições alimentares e adaptada à tolerância individual.
Mas vale advertir que é essencial ter uma dieta rica em nutrientes como ferro, vitamina C, vitamina D, zinco, vitamina B12 e cálcio, pois há uma tendência de ocorrer anemia, queda de cabelos e perda óssea se os cuidados com a alimentação não forem mantidos. Cada paciente deve receber um esquema dietético adaptado aos hábitos alimentares anteriores à cirurgia, sendo feita uma reestruturação alimentar.
Por fim, algumas regras são muito importantes:
- Alimentar-se por 20 minutos ou mais;
- O alimento deve ser bem mastigado e ingerido em pequenos volumes;
- Líquidos devem ser ingeridos bem antes das refeições ou no mínimo 30 minutos depois para permitir que haja espaço para comida no novo estômago e para diminuir a ocorrência de vômitos;
- Proteínas devem ser ingeridas preferencialmente antes das gorduras e carboidratos, ou seja, carne antes de salada e arroz;
- Um suplemento vitamínico/mineral é sempre recomendado. Esse suplemento não engorda e deve ser tomado todos os dias para o resto da vida.