O excesso de gordura (não somente a subcutânea, mas também a visceral) pode ser responsável pela má saúde da pele. Linfedema, má cicatrização, acne, excesso de suor e doenças inflamatórias são consequências que a pele sofre pelo peso a mais na balança

Quem acompanha o meu blog sabe que a obesidade é uma doença multifatorial e relacionada a uma série de problemas de saúde. Por isso, ela precisa de um olhar humanizado, sem estigmas, e cada pessoa deve seguir um tratamento personalizado, pois (já disse e repito): nem sempre o que serve para um amigo ou um vizinho servirá também para você. Isso posto, a informação ajuda a olhar para o paciente com obesidade de forma mais humanizada.

Hoje, trago um pouco da Dermatologia associada à Endocrinologia. Afinal, a obesidade tem relação com a saúde da pele?

A resposta é sim. O excesso de peso pode afetar a função de barreira da pele, o funcionamento das glândulas sebáceas e a produção de sebo (que mantém a pele hidratada), as glândulas sudoríparas e os pequenos canais linfáticos sob a pele, a estrutura e função de colágeno e até a cicatrização de feridas. Estudo relata, inclusive, que a obesidade está relacionada a doenças raras da pele e ao envelhecimento prematuro dos cabelos.

Essa relação é ainda muito subestimada, mas é sabido que:

  • As camadas de gordura que estão presentes nas pessoas com excesso de peso causam maior atividade das glândulas sudoríparas. Essas pessoas têm dobras cutâneas maiores e tendem a suar muito mais.
  • Ao perder mais água pela pele, em razão desse suor mais excessivo em comparação às pessoas que estão dentro da faixa normal de peso, a barreira cutânea fica comprometida: em pacientes com obesidade, a pele fica mais seca, dificultando a cicatrização de feridas, por exemplo.
  • A gordura a mais que está abaixo da pele também é responsável por impedir ou diminuir o fluxo dos canais linfáticos, causando linfedema, quando há excesso de fluido linfático rico em proteínas no tecido subcutâneo.

Abaixo, listo algumas doenças de pele mais conhecidas e que estão associadas à obesidade:

  • Acantose nigricans – caracterizada por manchas escuras (resultantes do aumento da camada mais superficial da pele) e lesões de cor cinza e engrossadas com aspecto verrucoso (hiperpigmentação). Além da obesidade, a acantose pode estar associada a outras doenças como diabetes, doenças ovarianas, distúrbios metabólicos e, mais raramente, câncer do aparelho digestivo.
  • Acrocórdons – também conhecidos como pólipos fibroepiteliais, são pequenas lesões da pele benignas, normalmente da mesma cor. São mais comuns no pescoço, na virilha e nas axilas, estão associados à acantose.
  • Hirsutismo – caracterizado pelo aumento de pelos na mulher em locais comuns ao homem. Geralmente, também está associado a irregularidade menstrual, alterações hormonais, infertilidade e acne.

De fato, a obesidade é uma doença que causa uma inflamação geral no organismo. Nossa pele acaba sofrendo todas as consequências dessa inflamação, com piora de dermatite seborreica, de psoríase e de dermatites.

As informações que trago aqui servem para elucidar vários aspectos dessa doença que pode ter muitas causas e, também, para que as pessoas com obesidade sejam vistas com mais empatia, sem julgamentos e preconceitos: é com informação que podemos ajudá-las no tratamento contra essa doença.