Você que acompanha aqui o nosso Blog já sabe que o diabetes tipo 2 está relacionado ao ganho de peso, entre outros possíveis fatores associados ao histórico familiar, e comumente atinge mais os adultos.
Já o diabetes tipo 1 (DM1), que acomete mais crianças, adolescentes e adultos jovens, não tem uma associação direta com o ganho de peso: trata-se de uma doença autoimune caracterizada por pouca ou nenhuma insulina liberada pelo pâncreas. As pessoas com essa condição médica precisam fazer uso regular de insulina.
No entanto, a prevalência de obesidade e síndrome metabólica em pacientes com DM1 tem aumentado significativamente. Existe até, entre pesquisadores, o termo ‘duplo diabetes’, introduzido para descrever esse tipo da doença em que fatores típicos de diabetes tipo 1 e tipo 2 coexistem.
E essa prevalência é preocupante: quando uma pessoa com DM1 ganha peso, além de todos os riscos trazidos pela obesidade, a resistência à insulina fica ainda maior, daí a necessidade de aplicar uma dose diária maior desse hormônio. Se a dieta não estiver balanceada — e pacientes com DM1 precisam fazer controle de carboidratos — e a atividade física regular tiver sido abandonada, esses indivíduos terão aumento de peso, entrando num ciclo vicioso.
Bariátrica e DM1
De olho nessa prevalência aumentada de DM1 e obesidade, evidências científicas têm mostrado que há benefícios no longo prazo em realizar a cirurgia bariátrica nos pacientes com DM1 e obesidade grave. Embora ainda seja necessário muito estudo em torno disso, vale saber sobre essa possibilidade.
Benefícios — Conduzido na Europa, um desses estudos mostrou que, após a cirurgia bariátrica (bypass gástrico em Y de Roux) em pacientes com DM1 e obesidade, houve menor risco de doença cardiovascular, morte cardiovascular, hospitalização por insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral.
Outra pesquisa mostra que a cirurgia bariátrica nesses pacientes com DM1 e obesidade leva a uma redução significativa no índice de massa corporal, na quantidade diária de insulina e nas comorbidades relacionadas à obesidade.
Riscos — No entanto, houve um risco maior de eventos hiperglicêmicos graves, hipoglicemia, casos de cetoacidose diabética e abuso de substâncias após a cirurgia, o que sugere a necessidade de monitoramento cuidadoso de tais pacientes após a operação. E, como em toda cirurgia bariátrica, é necessário contar com uma equipe multidisciplinar e avaliar cada caso individualmente.
O que podemos concluir?
Primeiramente (e infelizmente), que a obesidade está mesmo sendo cada vez mais diagnosticada no mundo. E que obesidade associada a DM1 aumenta os riscos para a saúde. O fato de a cirurgia bariátrica poder contribuir nesses casos, embora ainda necessite de mais seguimento, pode ser uma saída eficiente no manejo da doença.