A baixa qualidade nutricional dos alimentos oferecidos em cantinas e nas merendas escolares pode ser um fator que contribui para o aumento da obesidade infantil. Isso porque esses alimentos muitas vezes apresentam teores elevados de gordura, sal e açúcar para ficarem mais palatáveis, atraentes e com maior aceitabilidade entre as crianças.
Mas essa consequência direta pode representar um perigo indireto também, podendo interferir nas escolhas futuras de alimentação dessa criança. A partir do momento que elas são condicionáveis a comerem alimentos com índices nutricionais mais pobres (e mais gostosos), poderão ter dificuldades em aceitar os outros mais saudáveis, como os vegetais.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que 38% das crianças de cinco a nove anos e 22,8% das crianças de 10 a 19 anos estão com excesso de peso – isso só na região sudeste do Brasil.
Recentemente, foi veiculada matéria sobre as escolas particulares de Minas Gerais, que não podem mais vender refrigerantes em suas cantinas. Alguns estados no Brasil já possuem regulamentação de cantinas escolares, mas, mesmo nesses lugares, nem sempre a prática da alimentação saudável é seguida, já que não existe lei – e muito menos fiscalização – que se faça cumprir a cartilha da boa nutrição, equilibrada e saudável.
Sugestão de lanche para a escola
– Leite ou água
– 1 fatia de pão integral (carboidrato)
– 1 fatia de queijo branco (proteína)
– 1 fruta (banana, maçã, mamão ou tomatinho-cereja)
Importante: Os sucos saíram da lista de alimentos recomendáveis, mesmo os naturais como limão e maracujá, que exigem ser adocicados, resultando em um valor energético prejudicial e importante para o controle da obesidade.
Existe uma recomendação da OMS baseada em quatro pilares para a prevenção da obesidade: proibição de publicidade infantil, regulamentação da alimentação escolar, rotulagem de alimentos (que já abordamos aqui no blog) e, por último, e não por isso menos importante, a sobretaxação de bebidas açucaradas.
Treinamentos e palestras nas escolas não apresentam resultados satisfatórios, pois é preciso modificar o ambiente. E não se pode ignorar os interesses comerciais por trás da situação. Muitas vezes, quem está vendendo quer que a criança compre, coma e volte a comprar, independentemente do que seja, e o alimento mais prejudicial, na maioria das vezes, é o mais gostoso. Podemos encontrar resistência de muitos cantineiros das escolas para readaptar o cardápio; dos gestores públicos, que terão de comprar alimentos melhores para serem distribuídos na merenda escolar; e até mesmo de muitas famílias, que não têm essa conscientização de que a alimentação deve ser saudável desde sempre.
É importante que os pais saibam que a alimentação na escola faz parte da rotina da criança. Ela pode comer uma besteirinha ou outra quando for a uma festinha de aniversário, mas, no dia a dia, deve ter uma alimentação planejada e equilibrada. Isso é atenção e cuidado com quem a gente ama.