A obesidade é uma doença médica real e precisa ser tratada como uma doença crônica. O peso é controlado de forma biológica. Por isso, é importante entender esse ponto ao se tratar de intervenção comportamental no tratamento.
Hoje trago para vocês algumas observações bem importantes compartilhadas pelo Dr. Michael Vallis, psicólogo da Universidade de Dalhousie, Canadá, durante aula num congresso recente em São Paulo. São observações voltadas aos profissionais de saúde, porém vale dividir com os pacientes para que possamos, todos juntos, disseminar mais conhecimento sobre a obesidade, essa doença crônica, multifatorial, recidivante e que precisa de um olhar com mais empatia.
Destaco os principais pontos abaixo sobre a aula “Aspectos comportamentais do tratamento da obesidade”:
– A obesidade é uma doença crônica, no entanto, atualmente não é tratada como tal por boa arte dos profissionais da Saúde. Você que lê este texto e está acima do peso, já passou por alguma situação em que o médico não avaliou seu peso?
– Muito se fala em mudança de estilo de vida e comportamento no tratamento para obesidade. Aqui mesmo no blog já tratamos sobre isso. Entretanto, para compreender os aspectos comportamentais do tratamento da obesidade é importante entender o contexto e o que prevê o sucesso é não desistir! Isso é um ponto importante para que profissionais de saúde envolvidos no tratamento da obesidade possam estabelecer uma relação com os pacientes e ajudá-los a colocar em prática as recomendações de forma individualizada.
– A obesidade é uma doença médica real e precisa ser tratada como uma doença crônica. O peso é controlado de forma biológica. Por isso, é importante entender esse ponto ao se tratar de intervenção comportamental no tratamento.
– E uma vez que o peso não está sob controle comportamental, e sim sob controle biológico, os profissionais da Saúde precisam conhecer os fundamentos neurobiológicos do impulso para comer e o poder da comida como reforço e recompensa. Isso permite identificar as dificuldades individuais para as mudanças no estilo de vida e, consequentemente, planejar estratégias mais eficientes. E repito: de forma individualizada.
– As expectativas do paciente no tratamento da obesidade (bem como de muitos profissionais da Saúde) são muito elevadas e, muitas vezes, inatingíveis, o que pode levar à frustração e ao abandono do tratamento. É importante mudar o foco do “peso ideal” para os “benefícios à saúde” e à “qualidade de vida” que um peso melhor, um peso mais controlado, pode trazer.
– Na intervenção para o tratamento da obesidade é preciso aceitar metas reais e entender que “o melhor peso” é aquele que pode ser atingido e mantido a longo prazo, contribuindo para uma vida mais saudável e com mais qualidade de vida.
Portanto, alimentação balanceada e atividade física são alguns dos meios para se atingir um peso que traga benefícios para saúde. É fácil? Não, mas outras estratégias estão à nossa disposição para auxiliar a mudança de estilo de vida que as terapias cognitivo-comportamentais podem proporcionar, como por exemplo, medicamentos. Gosto da seguinte analogia: pense que você está atravessando um rio revolto…mas lembre-se: do outro lado existe terra firme e o importante é continuar remando e nunca desistir!