Dormir uma noite inteira, sem interrupções, e acordar se sentindo plenamente descansado é o sonho de qualquer mortal, não é mesmo? Pois uma boa parcela da população não tem esse privilégio, por causa da apneia obstrutiva do sono (AOS).
Esse distúrbio é definido por episódios recorrentes de paradas totais (apneias) da respiração ou reduções do fluxo (hipopneias) das vias aéreas superiores. Ou seja, a pessoa simplesmente para de respirar e pode ficar por minutos sem oxigenação, já que ocorre a diminuição no espaço da faringe (tubo pelo qual entra o ar). O ronco, muitas vezes, é apenas o primeiro sinal da apneia.
Cansaço, fadiga, sonolência excessiva e falhas de memória são alguns dos muitos sintomas da apneia. Mas há uma série de problemas mais graves decorrentes dessa noite sem sono adequado.
A apneia e a obesidade
Os distúrbios metabólicos são muito frequentes nos pacientes com obesidade e apneia do sono, pois o volume de tecido adiposo que pressiona a faringe, diminuindo o espaço para passagem de oxigênio, agrava a doença.
Cerca de 90% dos obesos sofrem com a apneia, por isso é preciso que a qualidade do sono seja investigada na rotina clínica, principalmente nos casos indicados para cirurgia bariátrica.
E o distúrbio do sono tem impacto relevante em pessoas com outras comorbidades: 76% dos indivíduos com insuficiência cardíaca sofrem de problemas respiratórios do sono, e a apneia está relacionada, principalmente, com pacientes que têm insuficiência cardíaca crônica.
As consequências da apneia obstrutiva do sono
As mais evidentes são as neurocognitivas, como a sonolência excessiva durante o dia, que leva à queda da qualidade de vida e da produtividade, trazendo prejuízos no trabalho, estudos e relações sociais. O sono superficial e fragmentado contribui para a perda de memória e é importante fator de risco para depressão, inclusive com risco aumentado de acidentes automobilísticos.
Crianças também podem sofrer de apneia, e uma das principais manifestações é dificuldade para concentração nas tarefas da escola, além de notada irritabilidade.
São recomendadas de sete a nove horas de sono (dados da National Sleep Foundation), dos 16 aos 64 anos. De acordo com a Associação Brasileira do Sono, cerca de 108 milhões de brasileiros podem ter algum distúrbio do sono.
Diagnóstico e tratamento
A polissonografia é o exame que vai detectar a apneia, revelando os intervalos e duração das paradas respiratórias. Uma vez diagnosticada, uma das vias de tratamento é o CPAP (do inglês “continuous positive airway pressure”), um aparelho compressor de ar que, acoplado a uma máscara ajustável ao rosto do paciente, vai liberando oxigênio durante o sono.Mas a dieta equilibrada, atividades físicas, evitar álcool e tabagismo também são fatores que contribuem para a melhora do distúrbio do sono. No caso dos pacientes com obesidade, a redução de peso é primordial para diminuir a pressão de gordura sobre a faringe.
A boa saúde depende de uma noite com sono reparador. Se você acredita que está apresentando os sinais da apneia, procure um médico de sua confiança para o correto diagnóstico e melhor tratamento.